Após duas horas de viagem de Piracicaba até São Paulo, chegamos as 16:45,com relativa facilidade no Autódromo de Interlagos (local da apresentação). Apesar de já ter ido no show desta turnê em 2008 (no Parque Antártica), como seria a última oportunidade de ver ao vivo os clássicos da banda com produção completa de palco, resolvi investir uma “grana” e comprar ingresso para a Pista Premium, que facilita ficar mais próximo do palco.
Quando cheguei no local, percebi que o asfalto estava molhado, mas não fazia idéia de que tinha caído um dilúvio por lá algumas horas antes, suficiente para transformar o local do show num lamaçal digno de Woodstock! E pior, acabou estragando parte dos fogos de artifício que seriam usados na apresentação, e prejudicou a imagem nos telões.
O show do Iron estava programado para as 20h. As sete horas começou o show da Lauren Harris, que mais uma vez se mostrou uma escolha ingrata como banda de abertura, pois o tipo de música que ela faz não se encaixa no público Heavy Metal. Colocar o Sepultura, Angra ou alguma outra banda brasileira seria uma escolha muito mais interessante. O show dela durou 40 minutos, e então veio a má notícia (para nós que já estávamos ali, de pé, há várias horas!) que a banda decidiu atrasar o início do show porque ainda havia muita gente que não tinha conseguido entrar. Os produtores , além de serem infelizes na escolha do lugar, foram totalmente “sem noção” ao limitar as entradas à apenas dois portões (sendo que um era para a pista premium).
Abrindo um parêntesis, quero deixar registrada a minha revolta com alguns caras-de-pau que chegam em cima da hora, e devido ao tamanho “avantajado” dos energúminos, se acham no direito de entrar na frente de qualquer um, prejudicando gente que ralou horas pra pegar um bom lugar. Confesso que faltou pouco para eu estressar com um desses. Felizmente consegui manter a sanidade, porque quando se está “comprimido” entre trocentas mil pessoas, começar uma briga é pedir pra dar m*rda, com risco até de morrer alguém pisoteado ou esmagado. Então, com o resto de paciência que ainda me sobrava (fique algumas horas em pé, no meio da lama, espremido, sem ir no banheiro, e você saberá do que estou falando), resolvi me conter e segurar a onda (provavelmente outras pessoas pensaram a mesma coisa).
Nesta altura, eu estava realmente muito puto, pois a compactação do povo acabou me colocando num lugar onde eu conseguia enxergar apenas “cabeças” na minha frente.
As 21h o show começou, e aí, como por milagre, uma “onda” movimentou a massa e eu acabei parando num lugar muito bom, onde dava pra enxergar praticamente o palco todo! Isso foi a salvação, pois eu já estava consumindo o tempo de espera pensando em diversos insultos para “dizer” a MONDO Entretenimento. Quando eu digo que foi a salvação, estou falando sério! Pois já estava num estado de revolta, após pagar uma grana considerável pra ficar perto do palco, e acabar no meio da lama, prensado entre trocentas mil pessoas (com certeza venderam mais ingressos para a pista premium do que o local aguenta, maldita ganância!), com os pés latejando, pernas dormentes, pescoço e coluna ferrados, a única coisa que você espera é poder enxergar a banda!
O show em si foi ótimo! Bruce logo de cara já falou que aquele era o maior público que o Maiden já teve em um show só deles (no final, ele disse que havia 100.000 pessoas ali, mas a produtora divulgou 63.000). Essa banda é f*da! A produção do palco é fantástica. O Eddie “múmia” voando sobre a bateria era impecável! Os fogos também fizeram toda a diferença em relação ao show do último ano. A banda se desculpou inúmeras vezes pelo atraso, mas explicaram que preferiram não deixar ninguém pra fora.
Na introdução de Powerslave, Nicko perdeu o tempo em relação ao playback de abertura (na verdade ele não perdeu o tempo, e sim estava esperando arrumarem o transmissor do baixo de Steve Harris, veja aqui). Confesso que eu até gosto quando essas coisas acontecem, pois é aí que você vê que quem está ali são pessoas como qualquer um de nós, passíveis de erro. Esse tipo de “erro” acaba deixando o show mais humano! Deu pra ver que o próprio Nicko ainda tirou uma onda, antes de fazer a famosa virada na bateria que abre esse clássico! A banda levou tudo com bom humor, e pareciam estar se divertindo muito durante todo o tempo!
Só uma banda com a qualidade e experiência do Maiden é capaz de fazer que duas horas de show valham todo o sacrifício de estar ali!
Para os organizadores, nota zero! Será possível que com toda a experiência que esses caras já tem, não conseguem fazer nada direito? Desde a escolha do local (não tem metrô próximo, o acesso é ruim) até a “Joselitisse” com os portões de entrada e saída. Santa incompetência!
A banda só não ganha 10 porque acho que por ser um recorde de público, eles podiam ter tocado alguma música extra, nem que fosse da turnê do AMOLAD (que não passou pelo Brasil).
Quando estava indo embora, vi uma cena muito legal! Provavelmente umas 3 ou 4 gerações de uma mesma família tinham ido ver o show. O vovô (talvez até bisavô) já devia ter mais de 70 anos, e uns 1.60m de altura, mas estava se divertindo como todo mundo. Várias pessoas pediram pra tirar foto com ele! Figura!
Up the f*cking Irons!
PS: Estou ficando velho pra essas coisas 😉
Infelizmente o show “completo” acabou ficando sem alguns fogos, porque o temporal que aconteceu antes do show ferrou diversos fogos de artifício, e ferrou também o telão.
Aquilo que parece uma arquibancada é na verdade um morro que foi “invadido” pelo pessoa da Pista Simples. Em teoria, não devia ter ninguém ali (além de uma árvore)
Com o passar do tempo, a massaroca de gente começou a ficar explícita
Momentos antes da múmia sair do sarcófago
Eddie “múmia” voando sobre a bateria. Muito bem feito!
Eddie “ciborgue”
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