Esse é um relato do processo de compra de uma guitarra elétrica da China. Espero que ajude outros que queiram fazer a mesma coisa 😉
Meu interesse era por uma réplica da “Number One“, do Stevie Ray Vaughan. Tentei encontrar na internet fornecedores chineses com bom preço e que enviassem pro Brasil. Tentativas de contato com vendedores em portais como DHGate etc. foram todas frustradas, o que já era um mau sinal. Os vendedores que achei no eBay não enviavam para o Brasil. Finalmente, encontrei no AliExpress um vendedor bem comunicativo e que respondeu minhas dúvidas bem rapidamente. Segundo ele, trabalha em uma fábrica de guitarras na cidade de Shandong.
Após negociar um descontinho (como todo bom brasileiro 😀 ), fiz o pedido no AliExpress. Entre fazer o pedido, pagar os impostos e receber a guitarra, se passaram cerca de 40 dias. O envio foi feito via China Post usando o método Colis Postalis, o que acaba sendo quase que uma necessidade para pagar menos impostos (couriers como DHL, Fedex etc cobram taxas de serviço, além dos impostos normais, portanto, não eram uma opção).
Ao chegar no Brasil, a RF taxou o produto usando como base de cálculo o valor arbitrado de USD 80. No fim das contas, o valor total gasto ainda compensou bastante!
As dicas para esse tipo de compra são:
Converse antes com o vendedor e tire todas as suas dúvidas. Se ele não responder, já descarte pois é sinal de falta de comprometimento (ou “gópi”).
Não compre de lojas que participam do programa Remessa Conforme, do contrário, de cara, já na compra, você irá pagar 94% de impostos (60% taxa de importação + 17% ICMS) sobre o valor total do pedido, deixando o valor final um absurdo!
Certifique-se que o método de postagem tem rastreio, para que você possa acompanhar o andamento da entrega. Não use couriers (DHL, Fedex etc) para transporte, do contrário, além dos 94% ainda pagará pelo serviço deles de desembaraço etc. Chega mais rápido? Sim! Mas a facada é bem maior!
Fique de olho no valor do frete, pois ele entra também no cálculo do imposto. No meu caso, o frete foi grátis.
Tenha em mente que é uma guitarra chinesa, ou seja, não espere a qualidade de uma original.
Segue o link do vendedor, lembrando que ele tem diversos modelos de guitarra (veja alguns no final desse post) 🙂
Sobre a guitarra
Pelo preço pago (mesmo com os impostos), vale muito a pena! A construção é muito boa! Obviamente o hardware usado é “genérico chinês” – por esse preço, não tem milagre – mas confesso que me surpreendi positivamente com o que chegou.
A atenção aos detalhes também foi uma surpresa, como vocês podem conferir nas fotos abaixo. Segundo o vendedor, as madeiras usadas nela são: Alder/Amieiro (corpo), Maple/Bordo (braço) e Rosewood/jacarandá (fingerboard).
O vídeo abaixo foi gravado com tudo”original”, ou seja, sem ter trocado nenhuma peça com exceção das cordas. A única coisa que fiz foi mandar pro Feio Tomaz, luthier aqui de Pira, que deu uma geral ajustando a ação, intonação, regulou alavanca, hidratou o braço, trocou as cordas [coloquei Elixyr 0.9 – bem mais leves do que as que o Stevie usava] etc, ou seja, basicamente aquele trampo básico que se deve fazer em qualquer guitarra recém comprada 😉
Algumas fotos
Abaixo algumas fotos da guitarra recebida.
Outras guitarras
Abaixo algumas outras guitarras desse mesmo vendedor. Tem pra todos os gostos 🙂
Usei recentemente um (novo) sensor de glicose, o LinX (ou Aidex X, dependendo do país em que você comprou). O sensor é fabricado pela Microtech MD, o mesmo fabricante dos sensores SmartMed vendidos no Brasil. Na verdade, o SmartMed no exterior se chama Aidex.
Dentro da caixa (bem pequena, por sinal) você encontra o manual (em chinês), paninho com álcool e o aplicador (já pronto para uso).
Tamanho do LinX (redondo) vs. Sibionics
As principais vantagens do LinX CGM x. FreeStyle Libre x Sibionics x SmartMed são:
Tamanho super reduzido, apenas 2.2cm (vide imagem) – é o menor do mercado!
Medições a cada 1 minuto!
Aplicação ultra-simples: sem necessidade de encaixar partes diferentes do aplicador! O produto já vem pronto pra ser aplicado, basta abrir a caixa, retirar o selo, pressionar contra o braço ou barriga e apertar o “gatilho”, muito fácil!
Inicialização super simples – não precisa scannear, o aplicativo já detecta os sensores próximos automaticamente.
MARD de 8.66%, melhor que SmartMed, Sibionics e FreeStyle Libre! Quanto menor o MARD, mais precisas são as medições.
Aplicativo permite calibração! Esse é o primeiro sensor que uso em que o aplicativo permite calibrar as medições (se necessário).
Alarmes de subida e descida brusca de glicose. Além de ser alertado quando a leitura está fora do intervalo definido, ele também avisa quando a glicose está subindo ou descendo rapidamente.
Duração de 15 dias
Diferente do Libre 1 e 2+, não é necessário ter um celular com NFC, pois a comunicação é feita integralmente via Bluetooth.
A experiência de uso
Em duas palavras: muito boa! O aplicativo é bonito, prático, fácil de mexer, e funciona muito bem! Não tive problemas com perda de sinal.
Durante os 15 dias, precisei calibrar o sensor 3x. Na minha experiência com outras marcas de sensores, eles vão perdendo a precisão depois de alguns dias de uso (especialmente depois do décimo). O fato de ser possível calibrar as leituras é um recurso muito bem-vindo!
A parte ruim
Como o produto não é vendido oficialmente no Brasil, a única forma de comprá-lo é via AliExpress. Isso significa que você recebe um sensor do mercado “chinês” [leia a atualização abaixo]. Isso não seria problema algum, se não fosse o fato de os fabricantes estarem bloqueando os sensores chineses nos aplicativos internacionais, a exemplo da Sibionics e da MicrotechMD/LinX. Não sei se é apenas para forçar a compra dos distribuidores oficiais (nos países onde são vendidos oficialmente), já que comprar da China costuma ser mais barato, mas o fato é que isso atrapalha demais a vida de quem vive nos países onde o produto ainda não está disponível no mercado local.
Por exemplo, durante o uso do LinX, saiu uma atualização do aplicativo. Instalei ela e descobri que não funcionava mais com o sensor (do mercado chinês) que estava em uso. Tive que baixar manualmente a versão anterior do app e instalá-la novamente. Resolveu o problema temporariamente, pelo menos consegui usar o sensor até o fim. Mas estou com outros 3 já comprados e, aparentemente, pra poder usá-los, terei que instalar manualmente a versão chinesa do aplicativo (o que me deixa receoso, visto que a China não é conhecida por se preocupar com a privacidade das pessoas). [Atualização: já é possível encontrar o sensor “internacional” em algumas lojas do AliExpress, resolvendo o problema mencionado. Veja alguns links de compra no final do artigo].
Outro ponto negativo para a Microtech/LinX é que o suporte oferecido é praticamente zero! Ah, mas você já sabia que não ia ter suporte, já que comprou da China. É verdade, mas a Sibionics, por exemplo, tem vários canais de suporte, e respondem rapidamente, mesmo quando eles não teriam obrigação da fazê-lo. Esse foi o ponto que mais me incomodou no LinX! Tentei várias formas de contato: direto com o desenvolvedor do app, via facebook, via LinkedIn, etc. Só consegui alguma resposta via whatsapp, mas não ajudou muito.
Conclusão
É um ótimo sensor! Mas, infelizmente, as restrições impostas recentemente pelo aplicativo LinX em relação à seu uso com sensores do mercado chinês fazem qualquer um desanimar!
Nós diabéticos já sofremos demais com a doença, levamos uma vida onde o stress está sempre presente, e é uma pena que não possamos desfrutar rapidamente das melhorias que o mercado traz, geralmente por questões puramente burocráticas (ex: lentidão da Anvisa na aprovação de novos sensores – por exemplo, o processo na ANVISA para o SmartMed levou 2 anos).
[Atualização] Alguns vendedores do AliExpress estão comercializando a versão internacional do LinX, ou seja, agora dá pra comprar o sensor e usar com o aplicativo LinX disponível na Play Store! Segue o link de três anúncios de sensores internacionais: Link1, Link 2 e Link 3. E para quem não se importa em usar o app chinês, segue um anúncio do Aidex X (versão chinesa do Linx). Já usei 3 sensores, todos duraram os 15 dias prometidos, e calibrei em média duas vezes apenas, durante todo o período e geralmente após o 10º dia.
Conforme descrevi em um post anterior neste blog, estou testando o sensor de glicose GS1 da SiBionics, com funcionalidades equivalentes ao Libre 2 Plus (que ainda nem foi lançado no Brasil) e mais barato!
Estou no nono dia do terceiro sensor e a experiência tem sido muito positiva. No entanto, o segundo sensor que usei apresentou, durante um período, leituras entre 50-60 mg/dl mais baixas do que o teste de ponta de dedo. Contactei o suporte da SiBionics via email e descrevi o ocorrido, enviei fotos e prints comprovando as diferenças e eles constataram que realmente o sensor estava apresentando anormalidade. O problema é que como o produto não é vendido oficialmente no Brasil, eles não teriam como trocá-lo 🙁
Sendo assim, entrei em contato via chat com o vendedor do AliExpress. Expliquei o ocorrido, enviei a resposta da SiBionics comprovando a anormalidade do sensor e ele se prontificou a enviar um sensor extra gratuitamente na minha próxima compra. Como eu estava aguardando a chegada de outro sensor que já havia comprado, combinei que assim que esse outro chegasse, compraria mais um e o avisaria pelo chat para que incluísse o sensor “extra” no mesmo envio.
Para minha surpresa, o sensor que já estava “voando” para o Brasil ficou parado na alfândega e foi encaminhado para análise/liberação pela Anvisa (isso nunca tinha acontecido). Depois de 10 dias “parado no limbo”, finalmente foi liberado e seguiu seu curso até ser entregue. Sendo assim, fiz uma nova compra e avisei o vendedor para que enviasse junto o sensor “de troca”. Recebi hoje os 2 sensores (dessa vez não ficou retido), ou seja, o vendedor cumpriu o prometido!
Portanto, aparentemente não estamos totalmente desamparados em relação a trocas de sensores SiBionics, bastando comprar de um vendedor honesto/responsável e provar que o sensor estava realmente com problema.
Nota: Aquele sensor problemático voltou a funcionar corretamente depois de passar umas 6 horas apresentando leituras muito baixas, portanto, não chegou a ser um sensor totalmente perdido! O terceiro sensor vem se comportando muito bem até o momento.
Segue dois links de duas lojas que geralmente vendem os sensores com preço abaixo de USD 50: Vendedor1 e Vendedor2.
Atualização 30/04/2024: Já estou no meu sexto sensor e, tirando aquele que ficou meio louco por algumas horas, os outros duraram 14 dias e se comportaram muito bem. Tem sido uma “paz” muito grande comparado ao “inferno” que estava sendo usar o Libre ultimamente.
Atualização 23/05/2024: Oitavo sensor e tudo indo bem! Não tive mais sensores barrados pela alfândega e todos tem chegado em até 14 dias após a compra. Ontem estive na Feira Hospitalar 2024 em SP e passei pelos stands da Sibionics e da Sinocare, que disseram que até o final de 2024 já devem estar com o registro na Anvisa aprovado para seus produtos, portanto, tudo indica que nós brasileiros não ficaremos mais reféns de um só fabricante e, finalmente, teremos outras opções (possivelmente mais baratas e melhores) nas farmácias. Resta saber se a “burrocracia” brasileira vai atrasar os planos deles (o que não seria novidade, infelizmente).
Os robôs aspiradores de pó já existem há algum tempo e geralmente são encontrados em diversos modelos, com diferentes funcionalidades. Fato é que eles têm ficado cada vez mais baratos e inteligentes, sendo possível encontrar modelos simples com preços abaixo de R$ 500.
Durante um tempo, duvidei da eficiência desses robôs, mas recentemente decidi arriscar e comprar um pra ver no que dava. Uma coisa era certa: fugiria dos modelos “pé de boi” e escolheria um que tivesse, no mínimo, recursos que considero essenciais para ter um resultado satisfatório, sendo:
Retorno automático para a base de carregamento
Mapeamento automático da “casa”
Possibilidade de definir áreas proibidas ou barreiras virtuais que ele não pode passar
Bom custo x benefício
Sendo assim, depois de alguma pesquisa, comprei no AliExpress o Abir X8, uma marca chinesa, mas que tem armazém no Brasil, ou seja, você compra o produto que já está no estoque do país, sabendo exatamente quanto vai pagar (sem risco de taxas etc.) e a entrega, no meu caso, foi feita em 3 dias (pelo Correio). A Abir tem alguns outros modelos com funcionalidades inferiores ou superiores. O X8, na minha opinião, foi o que apresentou o melhor custo x benefício. Além dos recursos essenciais que listei acima, ele também “passa pano” e possui uma luz ultravioleta que vai matando os germes do chão.
Aparentemente o X8 é baseado em uma plataforma OEM usada também por outras marcas. O robô Smart 700, encontrado no mercado nacional, provavelmente usa a mesma plataforma do X8. Optei pelo X8 porque o Smart 700 é um modelo mais defasado da plataforma, sem a luz ultravioleta.
Na prática
Alerta de spoiler: valeu cada centavo!
O X8 possui tecnologia LIDAR, que usa um laser invisível para fazer o mapeamento 3D das áreas e que, para a minha surpresa, funcionou excepcionalmente bem! Você liga o robô e imediatamente ele mapeia todo o espaço que conseguir “enxergar”. Depois, conforme vai se deslocando e tendo acesso a outras áreas da casa, o mapa vai sendo ampliado automaticamente. Não canso de acompanhar, pelo aplicativo, o mapeamento em tempo real!
Mapeando novas áreas enquanto limpa
Por falar em aplicativo, o X8 usa o app Smart Life (disponível para iOS e Android). Através dele você consegue configurar todos os parâmetros, como língua (sim! ele fala em português!), salvar os mapas de diferentes andares da casa, definir as áreas de exclusão e barreiras/paredes virtuais, ligar/pausar remotamente a aspiração, etc. Como o Smart Life se integra com a Alexa e Google, dá pra controlar o robô através dos dispositos Echo da Amazon (ou qualquer outro que possua Alexa) ou do Google Nest.
No fim do primeiro teste, o resultado foi surpreendente! A quantidade de poeira, pequenas folhas de plantas, etc. que ele conseguiu aspirar foi impressionante, assim como a “esperteza” em mapear e traçar os caminhos por onde vai passar, entrando e saindo por debaixo de camas, mesas, cadeiras, etc. sem dificuldade! O único ponto de atenção é tirar do chão qualquer fio ou cabo de energia, pois muito provavelmente vão enroscar no robô, bem como aqueles tapetes pequenos de “limpar os pés” que são muito leves e podem “embolar” quando o robô tenta passar por cima.
Sensores anti-queda em ação
Se entrou, tem que saber sair 🙂
Feita a primeira aspiração, era hora de trocar o depósito de residuos (poeira) pelo de água, para testar o recurso de passar pano (conhecido como MOP). O X8 tem capacidade para cerca de 300ml de água, que pode inclusive estar adicionada de produtos de limpeza (não abrasivos). Aproveitei o momento para definir no mapa as áreas e exclusão, como por exemplo, onde há tapetes. Você pode definir áreas de exclusão tanto para aspiração como para o MOP, de forma independente.
Conclusão
Como já adiantei no spoiler acima: Valeu cada centavo! O X8 cumpre o que promete, com uma eficiência muito acima do que eu esperava. É uma daquelas coisas que depois que você tem, não fica mais sem! 100% aprovado! Aqui está o link de onde comprei o meu.
Lembre-se: prefira comprar de vendedores que tem estoque no Brasil, e preste atenção no anúncio pois na maioria das vezes há códigos de cupons de desconto disponíveis no próprio anúncio 😉 PS: A Abir diz que dá 3 anos de garantia para o produto.
Durante os últimos 7 anos tenho utilizado o Freestyle Libre para medição contínua dos níveis de glicose no sangue, ou seja, desde seu lançamento no Brasil. Sem dúvida a chegada do produto no mercado brasileiro foi um divisor de águas no controle da diabetes, trazendo um pouco mais de conforto para aqueles que podem se dar ao luxo de comprá-lo, afinal, está longe de ser barato! Infelizmente, enquanto no resto do mundo já foram lançadas três versões do produto, no Brasil ainda temos apenas a primeira versão, que vou chamar aqui de libre v1.
Para piorar um pouco mais a situação, a quantidade de sensores problemáticos do Libre v1aumentou absurdamente nos últimos meses. Some isso ao fato de o processo de solicitação da troca de sensores defeituosos junto ao fabricante ser muitas vezes humilhante/burocrático/demorado e temos a receita para a frustração/revolta do usuário/cliente.
A boa notícia é que alternativas com tecnologia semelhante estão sendo lançadas no mercado internacional, sendo que algumas delas já podemos adquirir (de forma não oficial) em sites chineses, como o AliExpress. Foi assim que comprei o sensor da Sibionics, uma empresa chinesa que vem investindo forte nesse tipo de tecnologia. O CGM (Continuous Glucose Monitor, ou Monitor Contínuo de Glicose) da Sibionics, chamado de Sibionics GS1 foi aprovado recentemente pela CE e já pode ser comprado oficialmente em vários países da Europa. Segundo a empresa, o processo de registro na Anvisa ja foi iniciado, mas deve demorar mais de um ano para ser finalizado, portanto, aparentemente os sites xing-ling continuarão sendo por algum tempo a única forma de conseguí-los por aqui.
O que vem na caixa?
A caixa do produto contém um sensor, um lenço umedecido com álcool para limpeza do local antes da aplicação, o aplicador e também um adesivo extra que pode ser usado para reforçar a fixação do sensor – especialmente útil para aqueles que praticam natação ou tem problemas com sensores descolando antes dos 14 dias.
No meu caso, não precisei aplicar o adesivo extra, e o sensor não soltou durante os 14 dias, sendo que em diversos deles entrei na piscina. Também não tenho problemas com sensores do Libre v1 descolando.
Experiência de uso do Sibionics GS1 + aplicativo
Libre v1 x Sibionics GS1
O processo de instalação do sensor é muito parecido com o do Libre v1 e pode ser visto em diversos vídeos no youtube. Basicamente você aplica o sensor e depois usa o celular para ler o QRCode da caixa do sensor aplicado, o que ativa o produto e começa o processo de inicialização, que dura 1h (mesmo tempo que o Libre v1).
A tecnologia de medição também é a mesma do Libre v1, ou seja, a obtenção da glicose se dá no liquido intersticiale não diretamente do sangue. Mas há duas grandes diferenças entre o GS1 e o FreeStyle Libre v1: o primeiro transmite os valores das medições a cada 5 minutos automaticamente para o aplicativo instalado no celular, via bluetooth, ou seja, não é necessário passar o celular ou leitor sobre o sensor para obter as leituras, o que permite também o uso de alarmes de alerta de glicose baixa/alta, um ganho absurdo principalmente para os que esquecem de “scannear” o sensor frequentemente ou para quem não tem celulares com tecnologia NFC (Near Field Communication).
O tamanho do sensor é mais discreto se comparado com o do Libre v1, conforme foto ao lado.
Outro destaque é o aplicativo da Sibionics: com visual muito mais limpo, simples e moderno comparado ao LibreLink, oferece a visualização do valor atual da glicemia, bem como a tendência (estável, em alta ou em queda), gráfico para visualização do histórico, relatório com a análise dentro de um período, hemoglobina glicada calculada/estimada, tempo dentro da faixa alvo etc. É possível também inserir informações extras pontualmente, como aplicações de insulina, ingestão de carbohidratos, exercícios praticados etc.
Vale notar que:
Apesar de todas as informações na caixa do GS1 estarem em chinês, o aplicativo está disponível em diversas línguas, incluindo o português. Há algumas falhas na tradução (mas que não compromete o entendimento).
Como o GS1 não é vendido oficialmente no Brasil, não dá para instalar o app via Play Store, portanto, a instalação é feita de forma “manual”, baixando diretamente deste link, sendo necessário dar autorização de instalação via “fontes desconhecidas” no Android do celular.
Existe uma versão para iOS, mas desconfio que não esteja disponível para o Brasil.
Um ponto interessante do aplicativo é que ele permite compartilhar os dados com outras pessoas que também tenham o aplicativo instalado, ou seja, pais de crianças diabéticas podem acompanhar em tempo real as medições compartilhando os dados do app instalado no celular da criança com o app instalado nos celulares dos pais (ou mesmo do médico). Obviamente é necessário que os celulares tenham acesso a internet para que o compartilhamento funcione.
Confiabilidade/precisão
Durante os 14 dias de uso, fiz diversas medições comparativas usando o glicosímetro OneTouch Select Plus Flex da J&J e os valores obtidos foram muito próximos, na grande maioria das vezes. As primeiras 36h após a aplicação do sensor aparentemente são as que apresentam as maiores diferenças, mas a sensação final é que a precisão chega a ser melhor do que a do Libre v1. O sensor durou os 14 dias prometidos, algo que tem sido cada vez mais raro de acontecer com o Libre v1. Para os que têm algum tipo de preconceito com produtos chineses, vale lembrar que o produto teve aprovação da CE (equivalente ao “FDA” americano), o que de alguma forma “garante” um mínimo de qualidade.
Durante o uso, houve alguns momentos em que a diferença em relação a ponta do dedo foi alta (~50 mg/dl), mas algum tempo depois os valores voltaram a ser “compatíveis”, algo que pode ser esperado visto que há sempre uma variação/atraso entre a glicose do sangue e do líquido intersticial. Os CGMs baseados no líquido intersticial usam algoritmos de correção em seus aplicativos com a finalidade de corrigir automaticamente as medições, o que nem sempre resulta em um valor preciso. Vale lembrar que os glicosímetros “de ponta de dedo” também apresentam uma margem de erro considerável, portanto, sempre haverá diferenças em todos eles quando comparados, por exemplo, com um exame de laboratório. Em média, a diferença entre o GS1 e o OneTouch ficava entre 0 e 20 mg/dl.
Na figura abaixo podemos comparar a precisão do GS1 frente a outros CGMs olhando o valor da MARD (média relativa das diferenças absolutas). Quanto mais baixa a MARD, mais preciso é.
Quanto menor a MARD (Mean Absolute Relative Difference), mais preciso é.
Custo
O custo de um sensor GS1 comprado no AliExpress é de cerca de USD 45-50 (frete grátis) + ~USD 10 de ICMS (Remessa Conforme), o que na cotação de hoje (31/12/2023) ainda acaba sendo um pouco mais barato do que o Libre v1.
Aqui vale uma ressalva: como o produto não é vendido oficialmente no Brasil, caso venha a apresentar algum problema, você não terá substituição gratuita do sensor, como acontece geralmente com o Libre. Resumindo, terá que arcar com o prejuízo ou reclamar com o vendedor chinês e torcer para que ele concorde em te mandar um novo de graça.
Dica: se você resolver comprar o sensor no AliExpress, dê preferência para os vendedores que aderiram ao programa Remessa Conforme do governo brasileiro, pois assim já saberá exatamente quanto pagará no total para receber sua encomenda, sem risco de ser taxado na alfândega brasileira. Para o valor ficar financeiramente viável, o preço final do sensor (+ fretes – descontos) não pode passar de USD 50, do contrário os impostos brasileiros chegarão a 92%, inviabilizando financeiramente a compra. Se pretende comprar mais de um sensor, faça compras um de cada vez, para não ultrapassar os USD 50. Muitas lojas oferecem cupons de desconto que fazem com que o preço listado acabe diminuindo e ficando abaixo dos USD 50. Segue dois links de vendedores que geralmente vendem os sensores com preço abaixo de USD 50: Vendedor1 e Vendedor2, mas o importante é encontrar um que esteja bem avaliado e esteja vendendo abaixo dos USD 50.
Suporte
Como o produto ainda não é oficialmente vendido no Brasil, o suporte se resume a contatos via email (em inglês) ou através das redes sociais. A empresa é bem ativa no facebook e no linkedin, e os emails que enviei foram sempre respondidos, ainda que algumas respostas eram vagas demais.
Considerações finais
A primeira experiencia com o GS1 foi extremamente positiva! Além do sensor ter durado os 14 dias prometidos, ter mostrado uma precisão na grande maioria das vezes adequada, ainda há o fato de que não é necessário scannear o sensor com o celular, além de oferecer alarmes de glicose alta/baixa. Depois que você experimenta essas vantagens, fica até difícil voltar para o Libre v1!
Nota 1: a Anvisa aprovou o registro do Libre 2 Plus, portanto, espera-se que seja lançado no mercado nacional dentro de alguns meses, e oferecerá leituras via bluetooth e alarmes de glicose alta/baixa, semelhante ao GS1. Resta saber se a qualidade dos sensores do Libre vai melhorar, ou se continuaremos tendo os mesmos problemas que vêm ocorrendo com os sensores da primeira versão.
Nota 2: No próprio AliExpress há outros sensores (de outras marcas) com tecnologia semelhante ao Libre e Sibionics. É bom ver que a concorrência finalmente chegou, o que provavelmente vai fazer com que as empresas se mexam e melhorem seus produtos, trazendo benefícios para o consumidor.
Nota 3: Esse post não é patrocinado e expressa minha experiência pessoal com o uso de ambos os produtos.
Devo ter sido um dos primeiros usuários do Libre no Brasil! Já sabia da existência do sensor no exterior e aguardei ansiosamente o lançamento no mercado nacional e, quando isso aconteceu, tratei logo de comprar o kit com leitor e sensor e começar a usar, como relatei no meu post de 2016.
De lá para cá, tivemos o lançamento da versão 2 e 3, mas só no exterior! No Brasil, continuamos com acesso apenas a primeira versão do produto. No entanto, algumas coisas mudaram, como, por exemplo, a disponibilização do aplicativo LibreLink permitindo a leitura dos sensores através de smartphones com NFC (Near Field Communication), tecnologia que vem se tornando cada vez mais comum, mas que por aqui continua limitada aos celulares mais caros. Cabe uma observação: apesar dessa possibilidade ser amplamente divulgada pela Abbott em suas propagandas, existe uma pegadinha que pode custar caro para o usuário: a Abbott tem uma lista de celulares “testados por eles” e se você usar o LibreLink em um celular que não consta nessa lista e tiver problema com algum sensor, eles não vão substituir o sensor gratuitamente, alegando que o celular não é homologado! Me parece uma desculpa esfarrapada pois celulares vendidos oficialmente no Brasil já passaram pelos testes da Anatel e, portanto, já teve o NFC homologado por um órgão competente.
Já não bastasse ficarmos para trás frente aos outros países em relação a versão do produto, aparentemente desde o final de 2.022 o mercado nacional foi inundado por sensores defeituosos. Já perdi a conta de quantos sensores troquei esse ano! Com certeza já deve ter passado de 20! Alguns não chegam nem a funcionar, outros funcionam por alguns dias e outros funcionam com medições muito distantes da realidade. Ligar para a Abbott para solicitar a troca continua sendo uma tarefa angustiante e burocrática! Cada hora pedem mais coisas: foto do cupom fiscal, foto do sensor aplicado, print de telas, foto de comprovante de envio do sensor defeituoso, enfim, parece que tratam você como algum malandro que quer simplesmente conseguir um sensor de graça! Eu estaria feliz comprando sensores a cada 14 dias, se eles funcionassem com precisão pelo tempo prometido! Seria um imenso prazer nunca ter que ligar para a Abbott para solicitar troca de sensores defeituosos!!!
O fato é que minha confiança no produto foi abalada absurdamente nos últimos meses. São tantos problemas que fica difícil fazer uma medição e acreditar no valor mostrado! Parece ser o caso onde a falta de concorrência faz com que a empresa entregue “qualquer coisa”.
Li algumas notícias sobre o desenvolvimento (lá fora) de sistemas closed-loop baseados no Libre. Pra quem não sabe, esses sistemas tentam simular a ação de um pâncreas através da comunicação direta entre o sensor e uma bomba de insulina, liberando a insulina necessária para manter a glicemia dentro da faixa desejada. Com tantos sensores problemáticos, eu não usaria um sistema closed-loop com o Libre!
Experiência recente (set/2023)
Tive uma experiência recente que demonstra como a atual situação dos sensores é estressante: Fiz uma viagem de 14 dias para o exterior. Saí de casa para Guarulhos com um sensor aplicado há 10 dias e, milagrosamente, ainda funcionando. Durante a viagem até o aeroporto, o sensor parou de funcionar! Felizmente, estava levando 3 sensores de backup! Apliquei logo o primeiro e segui viagem. Quando cheguei em Guarulhos, tentei fazer a primeira leitura, e já acusou erro, dizendo que era pra substituir o sensor. Troquei para um novo sensor que, mais uma vez, não chegou a funcionar! Já era madrugada quando instalei o terceiro sensor, em menos de 24h e, pasmem, também não funcionou! Restava apenas 1 sensor dos 3 de backup que eu levei para a viagem toda! Felizmente esse último funcionou, mas meus backups acabaram antes mesmo de eu sair do Brasil! Tive que passar em uma Drogaria São Paulo e pegar mais um sensor pois era quase certo que esse que tinha funcionado não duraria os 14 dias, e realmente não durou! Enfim, esse é apenas um exemplo real do quão estressante pode se tornar a vida de um usuário do Libre!
Enfim, torço imensamente que alguma empresa lance uma solução mais precisa e versátil, fazendo com que a Abbott “se mexa” e lance as novas versões no Brasil, mas principalmente, que melhore a qualidade dos sensores e trate seus consumidores com mais respeito!