Experiência com SiBionics GS1 – continuação…

Conforme descrevi em um post anterior neste blog, estou testando o sensor de glicose GS1 da SiBionics, com funcionalidades equivalentes ao Libre 2 Plus (que ainda nem foi lançado no Brasil) e mais barato!

Estou no nono dia do terceiro sensor e a experiência tem sido muito positiva. No entanto, o segundo sensor que usei apresentou, durante um período, leituras entre 50-60 mg/dl mais baixas do que o teste de ponta de dedo. Contactei o suporte da SiBionics via email e descrevi o ocorrido, enviei fotos e prints comprovando as diferenças e eles constataram que realmente o sensor estava apresentando anormalidade. O problema é que como o produto não é vendido oficialmente no Brasil, eles não teriam como trocá-lo 🙁

Sendo assim, entrei em contato via chat com o vendedor do AliExpress. Expliquei o ocorrido, enviei a resposta da SiBionics comprovando a anormalidade do sensor e ele se prontificou a enviar um sensor extra gratuitamente na minha próxima compra. Como eu estava aguardando a chegada de outro sensor que já havia comprado, combinei que assim que esse outro chegasse, compraria mais um e o avisaria pelo chat para que incluísse o sensor “extra” no mesmo envio.

Para minha surpresa, o sensor que já estava “voando” para o Brasil ficou parado na alfândega e foi encaminhado para análise/liberação pela Anvisa (isso nunca tinha acontecido). Depois de 10 dias “parado no limbo”, finalmente foi liberado e seguiu seu curso até ser entregue. Sendo assim, fiz uma nova compra e avisei o vendedor para que enviasse junto o sensor “de troca”. Recebi hoje os 2 sensores (dessa vez não ficou retido), ou seja, o vendedor cumpriu o prometido!

Sendo assim, aparentemente não estamos totalmente desamparados em relação a trocas de sensores SiBionics, bastando comprar de um vendedor honesto/responsável e provar que o sensor estava realmente com problema.

Nota: Aquele sensor problemático voltou a funcionar corretamente depois de passar umas 6 horas apresentando leituras muito baixas, portanto, não chegou a ser um sensor totalmente perdido! O terceiro sensor vem se comportando muito bem até o momento.

Segue o link do vendedor, para quem quiser comprar com ele. Quando o preço dele está acima de USD 50, através do chat eu converso com ele, explico que estou no Brasil, e ele sempre baixa o preço, geralmente pra USD 45.

Share and Enjoy !

Sibionics GS1 x Freestyle Libre

Durante os últimos 7 anos tenho utilizado o Freestyle Libre para medição contínua dos níveis de glicose no sangue, ou seja, desde seu lançamento no Brasil. Sem dúvida a chegada do produto no mercado brasileiro foi um divisor de águas no controle da diabetes, trazendo um pouco mais de conforto para aqueles que podem se dar ao luxo de comprá-lo, afinal, está longe de ser barato! Infelizmente, enquanto no resto do mundo já foram lançadas três versões do produto, no Brasil ainda temos apenas a primeira versão, que vou chamar aqui de libre v1.

Para piorar um pouco mais a situação, a quantidade de sensores problemáticos do Libre v1 aumentou absurdamente nos últimos meses. Some isso ao fato de o processo de solicitação da troca de sensores defeituosos junto ao fabricante ser muitas vezes humilhante/burocrático/demorado e temos a receita para a frustração/revolta do usuário/cliente.

A boa notícia é que alternativas com tecnologia semelhante estão sendo lançadas no mercado internacional, sendo que algumas delas já podemos adquirir (de forma não oficial) em sites chineses, como o AliExpress. Foi assim que comprei o sensor da Sibionics, uma empresa chinesa que vem investindo forte nesse tipo de tecnologia. O CGM (Continuous Glucose Monitor, ou Monitor Contínuo de Glicose) da Sibionics, chamado de Sibionics GS1 foi aprovado recentemente pela CE e já pode ser comprado oficialmente em vários países da Europa. Segundo a empresa, o processo de registro na Anvisa ja foi iniciado, mas deve demorar mais de um ano para ser finalizado, portanto, aparentemente os sites xing-ling continuarão sendo por algum tempo a única forma de conseguí-los por aqui.

O que vem na caixa?

A caixa do produto contém um sensor, um lenço umedecido com álcool para limpeza do local antes da aplicação, o aplicador e também um adesivo extra que pode ser usado para reforçar a fixação do sensor – especialmente útil para aqueles que praticam natação ou tem problemas com sensores descolando antes dos 14 dias.

No meu caso, não precisei aplicar o adesivo extra, e o sensor não soltou durante os 14 dias, sendo que em diversos deles entrei na piscina. Também não tenho problemas com sensores do Libre v1 descolando.

Experiência de uso do Sibionics GS1 + aplicativo

Libre v1 x Sibionics GS1

O processo de instalação do sensor é muito parecido com o do Libre v1 e pode ser visto em diversos vídeos no youtube. Basicamente você aplica o sensor e depois usa o celular para ler o QRCode da caixa do sensor aplicado, o que ativa o produto e começa o processo de inicialização, que dura 1h (mesmo tempo que o Libre v1).

A tecnologia de medição também é a mesma do Libre v1, ou seja, a obtenção da glicose se dá no liquido intersticial e não diretamente do sangue. Mas há duas grandes diferenças entre o GS1 e o FreeStyle Libre v1: o primeiro transmite os valores das medições a cada 5 minutos automaticamente para o aplicativo instalado no celular, via bluetooth, ou seja, não é necessário passar o celular ou leitor sobre o sensor para obter as leituras, o que permite também o uso de alarmes de alerta de glicose baixa/alta, um ganho absurdo principalmente para os que esquecem de “scannear” o sensor frequentemente ou para quem não tem celulares com tecnologia NFC (Near Field Communication).

O tamanho do sensor é mais discreto se comparado com o do Libre v1, conforme foto ao lado.

Outro destaque é o aplicativo da Sibionics: com visual muito mais limpo, simples e moderno comparado ao LibreLink, oferece a visualização do valor atual da glicemia, bem como a tendência (estável, em alta ou em queda), gráfico para visualização do histórico, relatório com a análise dentro de um período, hemoglobina glicada calculada/estimada, tempo dentro da faixa alvo etc. É possível também inserir informações extras pontualmente, como aplicações de insulina, ingestão de carbohidratos, exercícios praticados etc.

Vale notar que:

  • Apesar de todas as informações na caixa do GS1 estarem em chinês, o aplicativo está disponível em diversas línguas, incluindo o português. Há algumas falhas na tradução (mas que não compromete o entendimento).
  • Como o GS1 não é vendido oficialmente no Brasil, não dá para instalar o app via Play Store, portanto, a instalação é feita de forma “manual”, baixando diretamente deste link, sendo necessário dar autorização de instalação via “fontes desconhecidas” no Android do celular.
  • Existe uma versão para iOS, mas desconfio que não esteja disponível para o Brasil.

Um ponto interessante do aplicativo é que ele permite compartilhar os dados com outras pessoas que também tenham o aplicativo instalado, ou seja, pais de crianças diabéticas podem acompanhar em tempo real as medições compartilhando os dados do app instalado no celular da criança com o app instalado nos celulares dos pais (ou mesmo do médico). Obviamente é necessário que os celulares tenham acesso a internet para que o compartilhamento funcione.

Confiabilidade/precisão

Durante os 14 dias de uso, fiz diversas medições comparativas usando o glicosímetro OneTouch Select Plus Flex da J&J e os valores obtidos foram muito próximos, na grande maioria das vezes. As primeiras 36h após a aplicação do sensor aparentemente são as que apresentam as maiores diferenças, mas a sensação final é que a precisão chega a ser melhor do que a do Libre v1. O sensor durou os 14 dias prometidos, algo que tem sido cada vez mais raro de acontecer com o Libre v1. Para os que têm algum tipo de preconceito com produtos chineses, vale lembrar que o produto teve aprovação da CE (equivalente ao “FDA” americano), o que de alguma forma “garante” um mínimo de qualidade.

Durante o uso, houve alguns momentos em que a diferença em relação a ponta do dedo foi alta (~50 mg/dl), mas algum tempo depois os valores voltaram a ser “compatíveis”, algo que pode ser esperado visto que há sempre uma variação/atraso entre a glicose do sangue e do líquido intersticial. Os CGMs baseados no líquido intersticial usam algoritmos de correção em seus aplicativos com a finalidade de corrigir automaticamente as medições, o que nem sempre resulta em um valor preciso. Vale lembrar que os glicosímetros “de ponta de dedo” também apresentam uma margem de erro considerável, portanto, sempre haverá diferenças em todos eles quando comparados, por exemplo, com um exame de laboratório. Em média, a diferença entre o GS1 e o OneTouch ficava entre 0 e 20 mg/dl.

Na figura abaixo podemos comparar a precisão do GS1 frente a outros CGMs olhando o valor da MARD (média relativa das diferenças absolutas). Quanto mais baixa a MARD, mais preciso é.

Quanto menor a MARD (Mean Absolute Relative Difference), mais preciso é.

Custo

O custo de um sensor GS1 comprado no AliExpress é de cerca de USD 45-50 (frete grátis) + ~USD 10 de ICMS (Remessa Conforme), o que na cotação de hoje (31/12/2023) ainda acaba sendo um pouco mais barato do que o Libre v1.

Aqui vale uma ressalva: como o produto não é vendido oficialmente no Brasil, caso venha a apresentar algum problema, você não terá substituição gratuita do sensor, como acontece geralmente com o Libre. Resumindo, terá que arcar com o prejuízo.

Dica: se você resolver comprar o sensor no AliExpress, dê preferência para os vendedores que aderiram ao programa Remessa Conforme do governo brasileiro, pois assim já saberá exatamente quanto pagará no total para receber sua encomenda, sem risco de ser taxado na alfândega brasileira. Para o valor ficar financeiramente viável, o preço final do sensor (+ fretes – descontos) não pode passar de USD 50, do contrário os impostos brasileiros chegarão a 92%, inviabilizando financeiramente a compra. Se pretende comprar mais de um sensor, faça compras um de cada vez, para não ultrapassar os USD 50. Muitas lojas oferecem cupons de desconto que fazem com que o preço listado acabe diminuindo e ficando abaixo dos USD 50. Tenho adquirido os meus desse vendedor; ele costuma enviar rapidamente e têm chegado dentro de 15 dias após a compra, mas há outros vendedores, como este, que podem estar com preço melhor. O importante é encontrar um que esteja bem avaliado e esteja vendendo abaixo dos USD 50.

Suporte

Como o produto ainda não é oficialmente vendido no Brasil, o suporte se resume a contatos via email (em inglês) ou através das redes sociais. A empresa é bem ativa no facebook e no linkedin, e os emails que enviei foram sempre respondidos, ainda que algumas respostas eram vagas demais.

Considerações finais

A primeira experiencia com o GS1 foi extremamente positiva! Além do sensor ter durado os 14 dias prometidos, ter mostrado uma precisão na grande maioria das vezes adequada, ainda há o fato de que não é necessário scannear o sensor com o celular, além de oferecer alarmes de glicose alta/baixa. Depois que você experimenta essas vantagens, fica até difícil voltar para o Libre v1!

Nota 1: a Anvisa aprovou o registro do Libre 2 Plus, portanto, espera-se que seja lançado no mercado nacional dentro de alguns meses, e oferecerá leituras via bluetooth e alarmes de glicose alta/baixa, semelhante ao GS1. Resta saber se a qualidade dos sensores do Libre vai melhorar, ou se continuaremos tendo os mesmos problemas que vêm ocorrendo com os sensores da primeira versão.

Nota 2: No próprio AliExpress há outros sensores (de outras marcas) com tecnologia semelhante ao Libre e Sibionics. É bom ver que a concorrência finalmente chegou, o que provavelmente vai fazer com que as empresas se mexam e melhorem seus produtos, trazendo benefícios para o consumidor.

Nota 3: Esse post não é patrocinado e expressa minha experiência pessoal com o uso de ambos os produtos.

Share and Enjoy !

Finalmente: Freestyle Librelink – BR

Atualizado em 07/02/2019

Quem é usuário do monitor de glicose Freestyle Libre, da Abbott, deve saber que há mais de 2 anos, os usuários de outros países – em especial os Europeus – tem a possibilidade de verificar os níveis de glicose lendo o sensor com o celular, sem precisar levar “pra lá e pra cá” o leitor oficial do Libre. Isso é feito através de um aplicativo chamado LibreLink.

LibreLink

Até o final de 2018, esse aplicativo não podia ser instalado pelos brasileiros. Nem mesmo uma instalação “hackeada” funcionava, visto que o app não conseguia fazer a leitura dos sensores vendidos no Brasil. Felizmente, agora já é possível usar o LibreLink no Brasil!

Mas porque usar o LibreLink, se há outros aplicativos “paralelos” que já conseguiam ler o sensor do Libre? A resposta é simples: os outros apps paralelos não são homologados pela Abbott, e não possuem o algoritmo deles, que corrige os valores registrados pelo leitor, trazendo-os para valores mais próximos do real. A correção é necessária porque o sensor faz a leitura da glicose a partir do líquido intersticial, e não diretamente do sangue.

Importante! Para fazer uso do LibreLink, seu smartphone precisa ter o recurso de NFC (Near Field Communication) habilitado. Aparelhos “top de linha”, como os Galaxy S7, S8, S9, etc. tem NFC.

Note que, se você desejar continuar usando o leitor do Libre juntamente com o LibreLink, terá que primeiro inicializar o novo sensor com o leitor tradicional, e em seguida inicia-lo com o LibreLink (nessa ordem!).

Ao executar o app pela primeira vez, será necessário criar uma conta (gratuitamente) no LibreView, o que pode ser feito através do próprio app. Existe um site, www.libreview.com, que você pode acessar logando com a conta que foi criada. Nele você tem acesso a relatórios variados, similares aos do software da Abbott disponível para Windows. O LibreLink envia suas medições de glicose automaticamente para o site do LibreView. Existe uma configuração na conta onde se insere um “ID de Consultório”, o que permite que seu médico acesse e visualize seu histórico de glicemia de forma on-line. Obviamente, pais também podem usar o site como uma forma de monitorar remotamente a glicemia dos seus filhos (desde que as crianças realizem as leituras com o app e tenham conexão com a internet no smartphone).

Dica: No LibreLink é possível adicionar as informações de dosagem de insulina em medições anteriores, coisa que não dá pra fazer no leitor do Libre.

Não deixe de ver meus outros posts sobre Diabetes aqui no blog.

PS: Não tenho iPhone, mas li reports de pessoas dizendo que o LibreLink já está disponível para iOS também.

Share and Enjoy !

FreeStyle Libre – o sensor pifou

E havia chegado a hora de colocar o quinto sensor, ou seja, mais de 2 meses usando o FreeStyle Libre sem qualquer problema!

A surpresa veio no dia seguinte… menos de 48 após a instalação do novo sensor, e já tendo feito várias leituras que aparentemente não apresentaram qualquer problema, passei o leitor para obter a glicemia e me deparei com uma mensagem que até então nunca tinha visto:

Sensor ruim

Sensor ruim

Por sorte, havia comprado mais de um sensor, então pude instalar um outro. No entanto, foi grande a apreensão de ter perdido quase R$ 250 devido a falha do sensor. Como a Lei de Murphy está sempre presente, o fato aconteceu num sábado, e o call center da Abbott não funciona nos finais de semana.

Na segunda-feira, liguei no 0800 e comuniquei o acontecido. Pediram o número serial do sensor e após alguns minutos, comunicaram que dentro de 48h uma empresa parceira iria entrar em contato por telefone, para agendar a substituição do sensor por um novo (sem custo). Pediram para que eu guardasse o sensor ruim na embalagem original (que felizmente ainda não tinha ido pro lixo), pois quando viessem entregar o novo, iriam recolher o defeituoso.

Passado mais de 48h e ainda sem receber a tal ligação, enviei um email para a Abbott cobrando uma posição. No dia seguinte, recebi a ligação que agendou a troca do sensor para a próxima segunda-feira. No entanto, para minha surpresa, na sexta-feira anterior a data agendada, apareceu uma pessoa aqui para fazer a troca do sensor (aparentemente o agendamento não tem muito efeito prático).

Enfim, felizmente a Abbott trocou o sensor defeituoso por um novo, sem cobrar nada por isso (o que é o mínimo esperado, diga-se de passagem). O fato serviu para aprender algumas coisas:

  • Sem mais nem menos, você pode se deparar com uma situação onde o sensor para de funcionar antes da hora.
  • É sempre bom ter um sensor reserva disponível. Se eu não tivesse, teria ficado 6 dias sem o monitoramento contínuo.
  • A Abbott poderia ter um 0800 funcionando 7 dias por semana, pois problemas não tem data para acontecer.
  • O processo da troca do sensor apresentou alguma demora, e a data agendada não foi respeitada (menos mal que adiantaram, mas dei sorte de ter gente em casa na hora que a pessoa apareceu).

Uma curiosidade: Todos os sensores que eu comprei até agora tem data de validade para o dia 31-Outubro-2016, ou seja, estão bem próximos de expirar. Me pergunto se o problema apresentado pode estar relacionado com essa proximidade da data de expiração.

Share and Enjoy !