FreeStyle Libre – opinião após 7 anos de uso

Devo ter sido um dos primeiros usuários do Libre no Brasil! Já sabia da existência do sensor no exterior e aguardei ansiosamente o lançamento no mercado nacional e, quando isso aconteceu, tratei logo de comprar o kit com leitor e sensor e começar a usar, como relatei no meu post de 2016.

De lá para cá, tivemos o lançamento da versão 2 e 3, mas só no exterior! No Brasil, continuamos com acesso apenas a primeira versão do produto. No entanto, algumas coisas mudaram, como, por exemplo, a disponibilização do aplicativo LibreLink permitindo a leitura dos sensores através de smartphones com NFC (Near Field Communication), tecnologia que vem se tornando cada vez mais comum, mas que por aqui continua limitada aos celulares mais caros. Cabe uma observação: apesar dessa possibilidade ser amplamente divulgada pela Abbott em suas propagandas, existe uma pegadinha que pode custar caro para o usuário: a Abbott tem uma lista de celulares “testados por eles” e se você usar o LibreLink em um celular que não consta nessa lista e tiver problema com algum sensor, eles não vão substituir o sensor gratuitamente, alegando que o celular não é homologado! Me parece uma desculpa esfarrapada pois celulares vendidos oficialmente no Brasil já passaram pelos testes da Anatel e, portanto, já teve o NFC homologado por um órgão competente.

Já não bastasse ficarmos para trás frente aos outros países em relação a versão do produto, aparentemente desde o final de 2.022 o mercado nacional foi inundado por sensores defeituosos. Já perdi a conta de quantos sensores troquei esse ano! Com certeza já deve ter passado de 20! Alguns não chegam nem a funcionar, outros funcionam por alguns dias e outros funcionam com medições muito distantes da realidade. Ligar para a Abbott para solicitar a troca continua sendo uma tarefa angustiante e burocrática! Cada hora pedem mais coisas: foto do cupom fiscal, foto do sensor aplicado, print de telas, foto de comprovante de envio do sensor defeituoso, enfim, parece que tratam você como algum malandro que quer simplesmente conseguir um sensor de graça! Eu estaria feliz comprando sensores a cada 14 dias, se eles funcionassem com precisão pelo tempo prometido! Seria um imenso prazer nunca ter que ligar para a Abbott para solicitar troca de sensores defeituosos!!!

O fato é que minha confiança no produto foi abalada absurdamente nos últimos meses. São tantos problemas que fica difícil fazer uma medição e acreditar no valor mostrado! Parece ser o caso onde a falta de concorrência faz com que a empresa entregue “qualquer coisa”.

Li algumas notícias sobre o desenvolvimento (lá fora) de sistemas closed-loop baseados no Libre. Pra quem não sabe, esses sistemas tentam simular a ação de um pâncreas através da comunicação direta entre o sensor e uma bomba de insulina, liberando a insulina necessária para manter a glicemia dentro da faixa desejada. Com tantos sensores problemáticos, eu não usaria um sistema closed-loop com o Libre!

Experiência recente (set/2023)

Tive uma experiência recente que demonstra como a atual situação dos sensores é estressante: Fiz uma viagem de 14 dias para o exterior. Saí de casa para Guarulhos com um sensor aplicado há 10 dias e, milagrosamente, ainda funcionando. Durante a viagem até o aeroporto, o sensor parou de funcionar! Felizmente, estava levando 3 sensores de backup! Apliquei logo o primeiro e segui viagem. Quando cheguei em Guarulhos, tentei fazer a primeira leitura, e já acusou erro, dizendo que era pra substituir o sensor. Troquei para um novo sensor que, mais uma vez, não chegou a funcionar! Já era madrugada quando instalei o terceiro sensor, em menos de 24h e, pasmem, também não funcionou! Restava apenas 1 sensor dos 3 de backup que eu levei para a viagem toda! Felizmente esse último funcionou, mas meus backups acabaram antes mesmo de eu sair do Brasil! Tive que passar em uma Drogaria São Paulo e pegar mais um sensor pois era quase certo que esse que tinha funcionado não duraria os 14 dias, e realmente não durou! Enfim, esse é apenas um exemplo real do quão estressante pode se tornar a vida de um usuário do Libre!

Enfim, torço imensamente que alguma empresa lance uma solução mais precisa e versátil, fazendo com que a Abbott “se mexa” e lance as novas versões no Brasil, mas principalmente, que melhore a qualidade dos sensores e trate seus consumidores com mais respeito!

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Abbott FreeStyle Libre – cadê a responsabilidade?

Faço uso do FreeStyle Libre desde que ele foi lançado no Brasil. Nesse mesmo blog tenho inúmeros posts falando sobre minha experiência com o uso do sensor, e relatando inclusive problemas de sensores com medições erradas. Até pouco tempo atrás, a Abbott realizava as trocas dos sensores defeituosos sem custo adicional e sem “criar muito caso”, mas não é mais assim!

Durante o carnaval, o sensor que eu estava usando começou a apresentar leituras incorretas comparando com as medições com o OneTouch da J&J (tenho as fotos pra comprovar). Eu estava em um local sem telefone e sem sinal de celular, literalmente no meio do mato, portanto, não pude entrar em contato com a Abbott naquele momento para reportar o ocorrido. Felizmente levei um sensor reserva, portanto, removi (e guardei) o sensor defeituoso e apliquei um novo.

Hoje, quarta-feira, entrei em contato com a Abbott para reportar o ocorrido, e eles se negaram a substituir o sensor pelo fato de eu ter removido o sensor defeituoso do braço, o que iria contra a orientação deles. Ora, quer dizer então que eu deveria ficar com dois sensores no braço, sendo que apenas um deles estaria funcionando, até conseguir falar com a Abbott? A troco do que? É o cúmulo da falta de bom senso da empresa!

Além de todo o stress que um sensor defeituoso gera no paciente, a empresa agora se exime da responsabilidade da troca com justificativas ridículas. Vale lembrar também que o atendimento da Abbott não funciona nos 24×7, portanto, pedir que o paciente mantenha o sensor defeituoso no braço sem oferecer um canal de contato 24h é ainda mais absurdo.

Espero que a empresa reveja esse posicionamento CONTRA seus clientes. Já não bastasse a quantidade de sensores com defeito, criar ainda mais dificuldade para “amenizar” uma situação provocada pela falta de qualidade do seu produto parece ser uma ótima forma de perder clientes. Lamentável a forma que a empresa está conduzindo essas situações.

Que venha a concorrência!

PS: Abri uma reclamação no ReclameAqui sobre esse episódio específico.

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FreeStyle Libre – o sensor pifou

E havia chegado a hora de colocar o quinto sensor, ou seja, mais de 2 meses usando o FreeStyle Libre sem qualquer problema!

A surpresa veio no dia seguinte… menos de 48 após a instalação do novo sensor, e já tendo feito várias leituras que aparentemente não apresentaram qualquer problema, passei o leitor para obter a glicemia e me deparei com uma mensagem que até então nunca tinha visto:

Sensor ruim

Sensor ruim

Por sorte, havia comprado mais de um sensor, então pude instalar um outro. No entanto, foi grande a apreensão de ter perdido quase R$ 250 devido a falha do sensor. Como a Lei de Murphy está sempre presente, o fato aconteceu num sábado, e o call center da Abbott não funciona nos finais de semana.

Na segunda-feira, liguei no 0800 e comuniquei o acontecido. Pediram o número serial do sensor e após alguns minutos, comunicaram que dentro de 48h uma empresa parceira iria entrar em contato por telefone, para agendar a substituição do sensor por um novo (sem custo). Pediram para que eu guardasse o sensor ruim na embalagem original (que felizmente ainda não tinha ido pro lixo), pois quando viessem entregar o novo, iriam recolher o defeituoso.

Passado mais de 48h e ainda sem receber a tal ligação, enviei um email para a Abbott cobrando uma posição. No dia seguinte, recebi a ligação que agendou a troca do sensor para a próxima segunda-feira. No entanto, para minha surpresa, na sexta-feira anterior a data agendada, apareceu uma pessoa aqui para fazer a troca do sensor (aparentemente o agendamento não tem muito efeito prático).

Enfim, felizmente a Abbott trocou o sensor defeituoso por um novo, sem cobrar nada por isso (o que é o mínimo esperado, diga-se de passagem). O fato serviu para aprender algumas coisas:

  • Sem mais nem menos, você pode se deparar com uma situação onde o sensor para de funcionar antes da hora.
  • É sempre bom ter um sensor reserva disponível. Se eu não tivesse, teria ficado 6 dias sem o monitoramento contínuo.
  • A Abbott poderia ter um 0800 funcionando 7 dias por semana, pois problemas não tem data para acontecer.
  • O processo da troca do sensor apresentou alguma demora, e a data agendada não foi respeitada (menos mal que adiantaram, mas dei sorte de ter gente em casa na hora que a pessoa apareceu).

Uma curiosidade: Todos os sensores que eu comprei até agora tem data de validade para o dia 31-Outubro-2016, ou seja, estão bem próximos de expirar. Me pergunto se o problema apresentado pode estar relacionado com essa proximidade da data de expiração.

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Duas semanas com o FreeStyle Libre

Hoje completou as duas primeiras semanas usando o FreeStyle Libre. Se você não viu meu primeiro post sobre ele, recomendo que leia agora, e depois retorne para ler o restante desse post.

As primeiras impressões relatadas no primeiro post se mostraram acertadas e consistentes. Em suma, a precisão do Libre não é uma maravilha. Sempre há uma diferença entre a leitura do Libre e a de um medidor de glicose tradicional (que também não é preciso). Mas, a impressão que tenho é que essa diferença é maior quando a glicose está baixa.

O Libre parece ser bastante “conservador” em se tratando de mostrar que você já saiu da zona de perigo de hipoglicemia. Isso pode ser conferido nas imagens abaixo.

 

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Demora para detectar uma saída de hipoglicemia

Demora para detectar uma saída de hipoglicemia

Outra impressão que tive é que com o passar do tempo, a diferença entre o Libre e demais medidores aumenta cada vez mais. Talvez essa seja uma das razões para o sensor expirar em 14 dias, obrigando você a instalar um novo. Aparentemente, na minha experiência, a diferença começou a ficar mais gritante a partir do 11º dia de uso, ou seja, faltando 3 dias para o sensor expirar:

Diferença entre aparelhos

Diferença entre aparelhos

Diferença na leitura (sensor perto de expirar)

Diferença na leitura (sensor perto de expirar)

Note que essa questão das diferenças nas leituras é esperada, e por isso mesmo, a própria Abbott recomenda conferir com um medidor tradicional quando algo não parecer estar correto.

Após expirado o sensor, o leitor do Libre não permite mais fazer leituras:

Ao tentar ler um sensor expirado

Ao tentar ler um sensor expirado

No entanto, ainda é possível (apesar de não recomendável) ler o sensor usando aplicativos disponíveis na loja de aplicativos do Google (mais sobre eles em um próximo post). Sendo assim, fiquei por algumas horas com os dois sensores no corpo (um em cada braço) – o expirado, e o novo. A diferença nas medições foi bem grande, o que reforça a impressão de que quanto mais próximo de expirar, menos preciso ele fica:

Sensor expirado

Sensor expirado

Sensor novo

Sensor novo

Sensor novo x medidor tradiciona

Sensor novo x medidor tradicional

Mas então, qual a vantagem de usar o Libre, se não é possível confiar 100% nas suas medições? Simples! Quase tão importante quanto a precisão, é você poder acompanhar a curva/evolução da glicose no decorrer do dia. Com a experiência, você consegue determinar as tendências e agir pró-ativamente na correção, seja para mais ou para menos. No meu caso, a quantidade de “picadas” no dedo, depois de usar o libre, caiu de (no mínimo) 5 vezes por dia, para 2 ou 3 vezes por semana. Nem preciso dizer que meus dedos agradeceram bastante 🙂

Há muito para melhorar, e com certeza a Abbott está trabalhando para evoluir o produto. Mas na forma que está hoje, já traz muitos benefícios, desde que você saiba interpretar as leituras, tendências, e tenha consciência de que ainda será necessário “tirar a prova” com um medidor tradicional de vez em quando. Talvez por isso também o aparelho ainda não tenha sido aprovado pela FDA. Nos EUA, existe um movimento pressionando os fabricantes de medidores de glicose para diminuir a margem de erro dos aparelhos.

Abaixo, a título de curiosidade, segue a foto do sensor expirado (já removido), e de como ficou a pele no local onde ele estava instalado (a pele voltou ao normal depois de alguns minutos).

Sensor expirado

Sensor expirado, dá pra ver o filamento que fica inserido na pele.

Logo após remoção do sensor (após 14 dias)

Região do braço, logo após remoção do sensor (após 14 dias)

Meu próximo post será sobre os aplicativos “paralelos” disponíveis na Google Play. Infelizmente, o aplicativo oficial da Abbott, chamado LibreLink, não está disponível para o Brasil. Espero que seja liberado logo, pois seria muito prático levar apenas o smartphone comigo, sem necessidade de levar também o leitor do Libre.

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