Seguro viagem do cartão, funciona?

Apesar de ter viajado inúmeras vezes para o exterior, em nenhuma delas precisei usar o seguro viagem (ou de assistência médica) oferecido “gratuitamente” pelo cartão de crédito, no meu caso, chamado de MasterAssist (Mastercard).

Eis aí que chega um dia que você precisa usar, e fica aquela dúvida: Será que funciona? Será que realmente vão honrar as coberturas?

A boa notícia é que funciona! Mas você deve ficar atento a algumas condições para não “dançar”. A experiência aqui relatada se refere a uma emergência ocorrida nos USA, onde foi necessário a passagem por dois hospitais.

Como obter o seguro?

A primeira coisa que você precisa fazer é verificar se o seu cartão de crédito oferece esse tipo de seguro. Para tanto, ligue para a operadora do cartão ou para o banco emissor e se informe, inclusive sobre as condições e coberturas oferecidas.

Será necessário emitir uma apólice de seguro, o que geralmente é feito de forma online, através de um site específico informado pela operadora do cartão. Lembre-se de fazer isso ANTES de viajar! Se estiver viajando em família, deverá informar o nome do cônjuge e dos dependentes para que estejam cobertos também (geralmente filhos maiores de 18 anos só estarão cobertos se forem estudantes). A apólice geralmente tem validade de 1 ano, mas o período de cobertura é “por viagem” – no meu caso – 60 dias contando a partir da data da ida. É importante lembrar que para ter direito ao seguro, você deve ter comprado a passagem com o referido cartão de crédito. No caso do MasterAssist, é aceito também  a compra feita com milhas geradas pelo programa de pontos do cartão.

Usando o seguro

Se houver uma emergência médica, antes de ir a um hospital ou a um médico, entre em contato com a seguradora pelo telefone informado na apólice (geralmente oferecem atendimento em português e as chamadas são 0800 ou a cobrar) e abra um chamado. Eles provavelmente indicarão hospitais, clínicas ou médicos conveniados que você poderá utilizar, e entrarão em contato com os mesmos para pré-aprovar os gastos. Se não houver tempo para isso, pode ser que você tenha que pagar pelos gastos e depois solicitar o reembolso para a seguradora.

Minha experiência envolveu ambas as situações: reembolso e pagamento direto pela seguradora. Os gastos que eu paguei e solicitei o reembolso já foram ressarcidos (usaram a cotação do dólar comercial + IOF para creditar o dinheiro na minha conta). Os gastos pagos diretamente pela seguradora ao hospital, médicos, etc, até a data desse post, ainda estavam com o pagamento pendente (e olha que já se passaram mais de 3 meses).

Prepara-se para enviar uma batelada de documentos, como: comprovante da compra da passagem usando o cartão (ou pontos), laudo médico, recibos, documentos de identificação, extratos do cartão, apólice do seguro, etc. É um processo chato, mas enviando tudo o que eles pedirem (e estando tudo certo), provavelmente não terá dor de cabeça em relação a aprovação dos pagamentos.

O atendimento

Não tenho o que reclamar do atendimento prestado pela seguradora durante os dias de “aflição”. Os atendentes foram sempre bem educados e se mostraram interessados em ajudar no que fosse possível. Foram inúmeros contatos, via telefone e email, durante e após o desenrolar da situação.

Prepara-se para algo muito diferente do que você está acostumado no Brasil

Diferente do que acontece no Brasil, nos Estados Unidos não existe um “SUS” (seja para o bem, quanto para o mal). Qualquer atendimento de saúde lá é pago. Mesmo que você seja um “americano nativo” e tenha um plano de saúde, sempre há deductibles, co-pays, etc. envolvidos, ou seja, sempre acaba tendo que pagar alguma coisa. Por isso é essencial viajar com um seguro contratado.

Não é a toa que os americanos só vão no médico “se estiverem morrendo”… e até por isso, ficam espantados com o hábito do brasileiro de recorrer a hospitais por qualquer gripe, etc.

Saiba que o custo com saúde lá é ABSURDAMENTE caro! Uma noite no hospital pode custar mais de USD 6.000! O uso de ambulância pode custar USD 1.500! Em suma, se tiver que bancar tudo do bolso, está ferrado!

Outra coisa estranha: você irá receber a conta do hospital, médicos, medicações utilizadas, enfermeiras, uso da sala de emergência, exames realizados, etc. de forma detalhada (e muitas vezes em contas separadas), só que elas começam a chegar geralmente mais de um mês depois da “alta”, e podem continuar chegando até “Deus sabe quando”! Ou seja, não se assuste se 2 meses depois do ocorrido você encontrar uma conta na sua caixa de correio! Observe que, mesmo tendo seguro, eles enviam a conta para você também… parece que é algo do tipo: “vamos mandar a conta pra todo mundo e ver quem paga primeiro!” Aconselho que, sempre que receber uma conta, encaminhe ela para a seguradora e também ligue para quem está cobrando para passar os dados do seu seguro, sempre mencionando o número do “seu caso” na seguradora. O estranho é que você fica sem saber, de antemão, o quanto “gastou”.

Se possível, recorra a um hospital somente em último caso, pois é a opção mais cara de todas. Recomenda-se ir primeiro à alguma clínica de emergência, pois são mais baratas. Mas porque isso, já que quem vai pagar é o seguro? Bom, sempre existe o risco de negarem alguma coisa e, nesse caso, você ter que pagar do bolso… 

Conclusão

Enfim, posso dizer que até o momento, minha experiência com o uso do seguro do cartão foi positiva. Ficarei 100% tranquilo quando souber que todos os pagamentos foram quitados, coisa que não aconteceu até o momento, mas que aparentemente está “dentro da normalidade” (segundo informação da própria seguradora).

Espero que o relato contribua e ajude os que tiverem dúvidas sobre o assunto.

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