Desenterrando o baú da Apple

PS: Não deixem de conferir as fotos no final do post 😉

Quem acompanha meus posts neste blog já deve saber que sou fã da Apple “dos velhos tempos”. Apesar de hoje em dia, o único produto da maçã que tenho é um velho iPod, no passado, final da década de 80, fui um ardoroso fã da Maçã. Meu primeiro curso de informática foi de AppleSoft Basic, usando uns computadores Dismaq. Alguns anos depois, comprei um Exato Pro (fabricado pela CCE, e cópia “melhorada” do Apple II) e logo depois um TK3000 IIe (fabricado pela MicroDigital, cópia do Apple ][e).

TK 3000 (cópia do Apple IIe)

O TK 3000 era o modelo mais avançado da Apple que se podia encontrar legalmente no Brasil, sendo baseado no processador 65C02 (uma versão melhorada do 6502 original). Para os mais novos, naquela época, existia a Reserva de Mercado. O governo brasileiro, sempre muito “sábio”, achou que deveria proteger o mercado nacional, impedindo que computadores e outros itens de informática fossem importados legalmente. A idéia era incentivar a indústria nacional a se desenvolver (alguém está tendo deja-vu?). Infelizmente, o que aconteceu foi um sucateamento total dos computadores no país. A indústria local não desenvolveu nada de interessante (tecnologicamente falando), e se limitou a vender PCs XTs, etc. que eram fabricados/montados por aqui.

Até o início da década de 90, quem precisasse de um computador melhor do que os PCs sucatas nacionais, recorria ao Paraguai. No entanto, devido a política da Apple de não permitir que outros fabricantes fizessem computadores “baseados” no Mac (só Apple faz Apple), no Paraguai só se encontravam componentes para “IBM-PC”. Não é a toa que a Apple quase quebrou, afinal, os PCs dominaram o mundo (qualquer chinês podia produzir placas, motherboards, processadores, etc para PCs mas não podia produzir Apple). Ironicamente, hoje grande parte dos aparelhos da Apple são produzidos na China.

Meu TK 3000 deve ter sido um dos mais “turbinados” do Brasil. Não havia mais slots de expansão disponíveis, pois já estavam preenchidos com:

  • Placa TKWorks – dobrava a resolução gráfica (mesmo assim era pior que CGA, eheh), expandia a memória para 320K e fornecia 80 colunas em modo texto.
  • Placa clock (sim! precisava de uma placa adicional para o computador não esquecer a data e a hora quando você o desligasse).
  • Placa CPM (para poder rodar dBase, etc)
  • Placa paralela (para poder conectar uma impressora)
  • Mouse (sim! precisava de uma placa para ligar um mouse – alías, mouse para Apple II no Brasil tinha preço de ouro).
  • Modem (para usar o vídeotexto, ahahaha, quem se lembra disso?)
  • Interface para drives (os drives de disquete eram externos)

Só para constar, a configuração padrão de um TK 3000 era 64K de RAM e o processador rodava na velocidade de 1Mhz. Diga-se de passagem, os programadores faziam milagre, pois existiam ótimos softwares!

Mas vamos a real intenção desse post. Há alguns dias atrás, fuçando em algumas antigüidades, encontrei material dos velhos tempos. Livros, revistas, etc. Achei também a resposta da Apple para uma carta que havia enviado à eles (ps: perceba que o logo da Apple ainda era colorido, isso foi em 1991).

Essa carta tem uma história interessante: Apesar da presença da Apple no Brasil, no final dos anos 80 – inicio dos 90, ser quase nula, eles sempre participavam da falecida Fenasoft, em São Paulo. O pessoal do stand usava uns bottons bem legais, com o logo da Apple. Eu e meus amigos todo ano pedíamos aqueles bottons, mas a resposta era sempre a mesma: “só temos para nosso uso, não podemos dar”. Sendo assim, resolvi escrever direto para a Apple pra ver se conseguia alguns (pois é, ninguém aqui sabia o que era email, não havia Internet para a população). Eis a resposta:

Clique nas imagens para ampliar

Resposta da Apple.

Os bottons eles não mandaram, mas enviaram alguns adesivos (que também estavam perdidos por aqui):

Adesivos com o logo colorido da Apple

Mais antigüidades que encontrei:

Livros sobre o assembler do 6502/65C02 (CPU do Apple II)

Detalhe de listagem em linguagem de máquina do 6502

Revistas importadas (as nacionais não prestavam e os códigos nunca funcionavam)

Preços das edições especiais da Nibble, etc.

Matéria da Nibble Special

Listagem da matéria da Nibble Special

Uma coisa que não consegui encontrar foi um catálogo que tinha da Applied Engineering, que se especializou em desenvolver acessórios para o Apple II, Macintosh, etc. Quem sabe um dia ele aparece 🙂

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O Brasil não muda mesmo :-(

иконописMais uma vez, o brasileiro sai perdendo devido a política tributária absurda adotada nesse país.

Quando os carros chineses/coreanos começaram a chegar por aqui, completos e com preço muito inferior aos nacionais (não vou discutir qualidade), fiquei com a esperança de que esse mercado que há tempos adota a filosofia do “porque vender mais barato se mesmo vendendo caro estamos batendo recordes de venda?” iria finalmente levar uma chacoalhada e ter que se adaptar, baixando os preços e, portanto, beneficiando o consumidor.

Mas não demorou muito para o governo entrar no meio e acabar com essa possibilidade. Com a desculpa de “proteger” a indústria nacional e os empregos, elevaram em 30% os impostos dos carros importados (que tenham menos de 65% de peças brasileiras). Essa elevação afeta diretamente as montadoras chinesas e coreanas (visto que carros importados de países do Mercosul tem acordos que os mantém fora desse aumento).

Enfim,  com isso, aumentam os preços dos carros importados, ao invés de baixar o preço dos carros nacionais, e mais uma vez, quem perde é o consumidor, que se vê obrigado a continuar pagando os preços absurdos dos automóveis vendidos nesse país.

É protecionismo puro (me trouxe lembranças de uma tal de “reserva de mercado”, que muitos de vocês, profissionais de informática, devem se lembrar também).

Com isso, “ferram” as empresas de fora que estavam investindo em montar sua rede de concessionárias no país. Afinal, ninguém vai montar fábricas aqui sem ter antes uma rede de concessionárias em funcionamento.

Mais ridículo ainda, é terem anunciado isso como “redução da alíquota de IPI para os carros nacionais”! Ou seja, eles aumentam o IPI dos carros em 30%, e anunciam que os carros nacionais terão redução de 30% no IPI. Será possível que acham que todo mundo é trouxa?

Até quando?!?!?!?!

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